domingo, 17 de março de 2013

da Superação



Ouvi hoje uma história de amor a uma causa, de abnegação, de superação, de transcendência, enfim, de puro altruísmo.
Foi-me contada na segunda pessoa, mas tive o prazer de momentos antes ter conhecido o protagonista.
Um treinador de uma modalidade individual amadora de desporto olímpico, agarrou uma atleta grande do nosso país pouco tempo depois do seu treinador ter morrido.
Criou os laços comuns que quem já viu o lado mais pessoal dos atletas sabe que existem, cimentou esses laços e preparou-se para qualificar a atleta para uma olimpíada.
Nesse interim, sofre um acidente de mota que lhe deixa uma das pernas bastante danificada e a necessitar de várias cirurgias para poder um dia voltar à sua função.
Entre o processo de recuperação e o acompanhamento da sua pupila, opta pelo segundo cenário e entrega-se, com grande esforço pessoal e em provado sofrimento ao seu objectivo.
A atleta qualifica-se para a olimpiada e o treinador atrasa mais uma vez as suas cirurgias. Desloca-se de muletas e tudo indica que tem dores.
Dois dias antes de uma das provas, morre-lhe a mãe, desloca-se a Portugal para o funeral, não sem antes prometer à sua pupila, ainda uma menina, que lá estará para a apoiar e para garantir que todo o trabalho anterior não terá sido em vão.
E no dia da prova ei-lo no seu local de trabalho.
Finda a olimpiada, não me interessou saber se houve ou não medalha, penso que sim, regressa a casa e começa o seu calvário.
A sua decisão de adiar a cirurgia deixou-lhe a perna mais curta e inicia um lento e penoso processo de estiramento dos músculos de forma mecânica e gradual. É-lhe implantado um aparato metálico que substitui temporariamente o osso esmagado e que estabiliza o membro.
Hoje continua de muletas e, embora já não seja treinador e esteja de baixa enquanto seleccionador da modalidade, acompanha as provas que se realizam. Coube a sorte a Coimbra este fim de semana.
Falta-lhe mais uma bateria de cirurgias, entre elas a de remoção do tal aparato de ferro que levará ao corte de um tendão que, caso não corra como previsto, lhe tirará de vez a possibilidade de voltar a andar normalmente. 
Tudo por amor à sua arte.
Avassalador.        

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