quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

My name is Can, Ameri Can.



Os primeiros comentários fizeram-me ficar de pé atrás, não o posso negar.
"Provavelmente o melhor Bond de sempre"
"Skyfall é o melhor filme da saga 007"
Desde que gastei dinheiro num bilhete de cinema para ver o "Festim Nu" do David Cronemberg (Naked Lunch no original) e só vi gente vestida que me habituei a desconfiar dos críticos de cinema, sejam eles assumidos ou curiosos.
E mais uma vez confirmei a minha teoria.
Skyfall é um excelente, repito, excelente, filme de acção.
Americano.
Skyfall é um excelente filme de acção americano.
Tem um "artista" com ar reguila que se farta de correr embora diga entre dentes "já não tenho idade para estas coisas" e transpire que nem uma chaleira a fazer lembrar a nova moda americana de pôr velhos à porrada nos filmes. Tem uma cena de sexo fugidia com o que parece ser uma prostituta num bairro pobre e outra cena de sexo, ainda mais fugidia com uma prostituta macaense assumida. Tem porrada à americana que envolve correntes de ferro e onde o "artista" leva mais vezes do que dá. Tem facas (???????). Tem uma reviravolta algures durante a história. Tem um enredo e tem um final de típico filme de acção americano: um mano a mano onde o resto do mundo ficou para trás e apenas os dois "artistas", o bom e o mau, se degladiam. Nas palavras dos próprios, "The last two rats". Claro que aí aperceberam-se que a coisa estava a ficar muito "cliché" e obviaram o mano a mano: quando ficaram só os dois em condições de funcionalidade, um mata o outro pelas costas sem mais delongas.
Tivessem posto o nome de Freddy ao "artista" e tivessem dado maior enfase ao facto de Kincaid ter chamado Emma a "M" e ninguém se aperceberia que se tratava de um "double 0 seven movie."
Ah! E o David Brown 5 que mais valia terem deixado na garagem, se era para o espatifarem - mais uma americanice.
Javier Bardem deu a credibilidade necessária a um vilão que se preze, além de um tique de modernidade ou "political correctness" (vejam o filme para compreenderem este ultimo comentário). Pese embora o facto de no livro que deu origem ao filme de 1974, "O homem da pistola dourada", Ian Fleming já ter aflorado esse tema ao descrever Scaramanga. O tema? Vejam o filme (o Skyfall) e aquela que poderia ter sido a terceira cena de sexo.  
Finalmente revelo o porquê de tanta gente dizer que este é que é o melhor filme da saga: este filme enche as medidas a quem tem saudades de quando se andava no carro sem cinto de segurança, de quando os brinquedos eram pintados com tintas toxicas e soltavam peças capazes de sufocar um elefante em segundos, numa palavra, pessoas que sabem a relação que existe entre uma esferográfica e uma cassete.
E porquê?
Porque este filme começa com um hardrive e acaba com uma facada nas costas no meio do nada, sem água potável nem luz. Porque este filme prova que, apesar da tecnologia, "é sempre preciso alguém para apertar o gatilho" nas palavras do "artista" ou atirar a faca, acrescento eu...

Quanto ao que eu penso do James Bond, está aqui o que eu penso.
    

1 comentário:

  1. Quanto aos tiros e às facadas, nada de novo. Como dizia o outro, "I see dead people", allover, acrescento eu, pois é um Bond movie...
    O pior, realmente, é o massacre do Aston... Não se faz...

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