terça-feira, 13 de setembro de 2011

da oitava maravilha


Desengane-se quem achar que o melhor acompanhamento para a cerveja é o marisco.
Reformulo.
Toda a gente sabe que nada acompanha melhor com marisco que um belo Vinho Verde. Quanto mais não seja porque, se o marisco acompanha bem com a nossa cerveja mais comum, a Pilsener, já não casa da mesma maneira com a esmagadora maioria das outras cervejas à venda no mercado.
O melhor acompanhamento que uma cerveja pode ter, seja que cerveja for, é um belo naco de bife dentro de um pão. Ou dois.
O prego no pão, uma instituição gastronómica de proporções desumanas, é, porque não tem igual, a oitava maravilha da gastronomia nacional.
Comecemos pela carne que deve ser de vaca (obviamente), um bom corte de pojadouro, alcatra, vazia ou lombinho. Tenro, exige-se. Fino, não mais que um centímetro de espessura, e apenas ligeiramente maior que o pão.
Repousado, larga-se isento de temperos sobre uma frigideira bem quente onde deve borbulhar uma mistura de manteiga e azeite em proporções semelhantes, mas apenas suficiente para napar o chão do recipiente.
Sela-se a carne, passando apenas uma vez de cada um dos lados e reserva-se para um prato ainda a pingar os belos sucos.
Sem perder tempo, larga-se um trago generoso de vinho branco sobre o caramelo que repousa no fundo da frigideira para que descole e emulsione e junta-se à mistura meio cubo de caldo para bifes Knorr (sim, sem receios) e um borrifo contido de Worcestershire sauce (molho inglês).
Baixa-se o lume e mexe-se com uma colher até o caldo estar liquefeito e todo o molho ganhar uma consistência untuosa.
Coloca-se de novo a carne na frigideira de banha-se generosamente, ora de um lado ora do outro. A frigideira deve permanecer sempre destapada e este último processo deve ser rápido para a carne permanecer tenra. Lume sempre no mínimo.
Abre-se o pão, deita-se o bife e rega-se languidamente com o molho. Os apreciadores podem barrar parcimoniosamente com um pouco de condimento de mostarda, da boa, Savora, em frasco de vidro.
O pão, esse deve ser o mais neutro possível, porque só entra nesta equação para evitar que se sujem os dedos.
O pão da avó que se encontra em qualquer boutique cumpre muitíssimo bem a função. Bastando para isso que se funda com a carne no momento do sublime prazer da mordiscadela.

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