sábado, 23 de outubro de 2010

da elementar justiça social


Existe alguma razão válida para, de cada vez que há actualizações salariais, quem ganha mais receba um aumento efectivo maior do que quem ganha menos?
Será que o pão de quem ganha três mil euros é mais caro que o pão de quem ganha quatrocentos e setenta e cinco? E a carne? E o Big Mac? E a água? E a luz?
Previsivelmente, a resposta é um redondo não.
E realmente não existe tal razão.
O mercado, as habilitações, as competências, os amigos, o nome de família, o trabalho desenvolvido, a cor dos olhos, tudo pode servir para que à partida existam diferenças salariais, mas nada pode explicar que com o avançar dos anos, essas diferenças vão gradualmente crescendo. E quanto maiores são, mais crescem.
É uma perversão da nossa economia que, em conjunto com mais meia dúzia de outros factores, alarga o fosso entre ricos e pobres.
Esta é, no entanto, uma perversão que poderia simplesmente desaparecer.
Mesmo num mercado (que eu defendo) em que cada um deveria receber com base na qualidade do seu trabalho, diferenciando-se quem, tendo a mesma função que outros, pusesse nela mais motivação, mais empenho, mais competência, mesmo nesse tipo de de mercado, tem que haver uma base comum.
Essa base, que hoje é meramente percentual, deveria simplesmente passar a efectiva: aumentos em valor real.
Deveria ser estabelecido um valor de aumento com base na aplicação da taxa de inflação (de preferência com uns pózitos mais para apimentar a economia) ao valor do salário médio dos portugueses.
Esse valor, em € e não em %, seria a matriz de todos os aumentos.
Toda a gente seria aumentada no mesmo valor.
Manter-se-ia a distância entre os salários e dar-se-ia um passo de gigante no sentido de uma maior justiça social. 

2 comentários:

  1. Quando perguntas se o custo do pão é igual para todos, independentemente do que aufere mensalmente, espero que não te esqueças dos desgraçados dos deputados. Para eles o pão é com certeza mais caro. Se não, porque razão viria um deputado falar das suas dificuldades e na necessidade que tem em almoçar na cantina do parlamento!
    As respostas, por vezes não são assim tão claras!
    Abraço!

    (Pedro, não tenho dúvidas que tu percebes, mas para evitar comentários e explicações posteriores, e como a ironia é perigosa, refiro que este comentário é irónico).

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  2. Ainda bem que o Paiva explicou que era ironia. São tantas as loiras que andem por aqui que nunca se sabe.

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