sábado, 3 de julho de 2010

do incómodo


Envelhecer não me apoquenta.
A sério!
Achei fantástico quando comentei com os meus alunos (adolescentes) que provavelmente iria assistir a um concerto do Eric Clapton e apenas dois sabiam quem raio é o Eric Clapton. Um deles conhecia-o porque se recordava vagamente de um disco velho do pai.
Achei fantástico as minhas sobrinhas, que sempre me trataram por tu, passarem de repente a tratar-me por "o tio".
Acho fantástico quando o meu filho repara que tenho a barriga mais pendurada.
Acho fantástico ver que o cabelo que me falta na cabeça se mudou para as orelhas.
Acho fantástico ter cada vez menos necessidade de dormir.
Acho fantástico ter tantas histórias para contar. E pessoas atentas para as ouvir.
Tenho consciência que não há melhoras, apenas adaptações, e isso não me preocupa absolutamente nada.
No entanto, aflige-me o envelhecimento dos outros.
Ver pessoas que não ficam bem no fato que a natureza talhou para elas, faz-me ter pena.
E tanto me afligem os conhecidos como os desconhecidos.
Ver, como vi ontem num trailer, Bruce Willis a fazer um papel de reformado, destroçou-me.
O filme chama-se "RED" (Retired Extremely Dangerous) e conta ainda com Morgan Freeman (toda a vida foi velho), Helen Mirren (quando fez o Calígula em 1979 já tinha as peles descaídas) e John Malkovich (a calvicie precoce fez dele velho quando ainda era novo).
Bruce Willis, presumo, terá um papel à sua altura que desempenhará de forma brilhante como habitualmente, mas colocá-lo na pele de um reformado, ainda que da CIA, não deixa de ser uma maldade.
Fiquei incomodado.



1 comentário:

  1. Continua a contar histórias! São normalmente bem humoradas e contribuem para a boa disposição. Não são poucas as vezes que nos fazem reflectir.
    Abraço

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