segunda-feira, 7 de setembro de 2009

da Paridade


Para começar, capemos os argumentos eleitorais pela raíz.
Segundo a Comissão Nacional de Eleições, são estes os números do incumprimento da lei da paridade para as próximas eleições autárquicas:

-5 listas do CDS
-2 listas do BE
-11 listas do PS
-3 listas do PSD
-20 listas da CDU
-1 lista do PSD + CDS

Em matéria de legalidade, ninguém se pode rir.
Aqui há atrasado (deliciosa, esta expressão popular do Porto), escrevi por estes lados que tinha opinião própria sobre a lei da paridade, mas que isso não me dava o direito de não respeitar a lei.
Mantenho a perspectiva: a lei é para se cumprir.
Esta lei da paridade não é má nem boa: esta lei não deveria sequer existir.
Legislou-se deste modo porque alguém, provavelmente uma mulher daquelas que deixam crescer os cabelos do sovaco, cultivam o buço e fumam cachimbo, num dia em que terá acordado mais mal humorada que o costume, provavelmente se lembrou que as mulheres gostariam de ser iguais aos homens.
Acontece que as mulheres não querem ser iguais aos homens, as mulheres não são iguais aos homens e as mulheres consideram até (e com razão) que quando forem iguais aos homens, terão sofrido um irreversível retrocesso civilazional.
As mulheres querem somente que lhes sejam reconhecidas as diferenças apenas como diferenças e não como defeitos, que tudo o que é igual seja tratado de forma igualitária e que tudo o que é diferente seja tratado de forma diferenciada.
Não é pedir muito.
Com a lei da paridade, as mulheres têm sobre elas uma espada com a seguinte inscrição: "há uma lei que regula a tua presença neste grupo, se a coisa correr bem diremos que é por mérito próprio, se a coisa correr mal diremos que foi para cumprir a quota." Define-se como correr bem, o facto da mulher fazer o que os homens esperam que ela faça: alguns que esteja calada, alguns que nem sequer tome posse...






7 comentários:

  1. O Vereador do Canedo disse ao Carvalheira que se fosse preciso andava da saias para ir para o lugar do Miranda Ferreira.

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  2. Gostei das suas explicações. Tinha feito um comentario no seu post " Mad Lionel" sobre o que achava desta lei e o Pedro na altura disse que tinha uma posição bem defenida mas na altura não a expressou. Gostei especialmente que este post tenha chegado antes das eleições de forma a percebermos que o seu lugar "sob protesto", como referiu, nas listas para a freguesia da Mealhada tem uma fundamentação clara. Agora só lhe deixo uma pequena provocação ( não mal intencionada) que é a seguinte = Fazendo também o Pedro ainda que de forma secundária da violação à lei da paridade, deveria ter aceitado o convite de Cesar Carvalheira?
    Obrigado atempadamente pela sua resposta!

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  3. Fui convidado pelo Sr José Felgueiras.
    Deixei bem claro atempadamente que não aceitaria fazer parte de nenhuma lista à excepção da lista da Junta com o Sr Felgueiras, caso este me convidasse.
    Apesar disso, o Dr Mano Soares convidou-me para a lista da Assembleia Municipal.
    Quanto à questão da paridade, aceitei manter-me na lista porque fui convidado embora pondere, em caso de vitória, apenas fazer parte do executivo se a sua composição cumprir a lei da paridade.
    Se o PSD conseguir 5 mandatos na Assembleia de Freguesia, consegue eleger 3 homens e 2 mulheres, passando nesse momento a cumprir a lei.

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  4. Obrigado pela sua resposta. Fiquei esclarecido e agradado com a sua ética pos eleitoral.
    Boa sorte.

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  5. O amigalhaço Pedro Costa anda esquecido e parece que não quer aceitar esta lei, talvez seguindo a estratégia Cavaquista. Então vamos ao que interessa.
    A 21 de Agosto de 2006 foi publicada a Lei da Paridade que estabelece que as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as autarquias locais são compostas de modo a assegurar a representação mínima de 33 por cento de cada um dos sexos.

    Esta nova lei marca, decisivamente, os caminhos da igualdade de género e da paridade em Portugal. Mulheres e homens, de forma equilibrada, enquanto representantes das portuguesas e dos portugueses, nos órgãos representativos e democráticos.



    A questão que se coloca, que não passa pela eterna discussão da quotas e da competência, porque todos os partidos se organizam por quotas para escolherem os seus representantes e a competência e incompetência pouco têm a ver com as escolhas daquelas e daqueles que integram as listas, passa sim por tentar alcançar quais os resultados práticos que influenciarão a vida das cidadãs e dos cidadãos deste país.



    A vida das mulheres e dos homens é diferente. Na maior parte dos casos a vida das mulheres está muito mais relacionada com a gestão e organização doméstica na sua dimensão quotidiana que a vida dos homens. A educação dos filhos, os cuidados com os familiares dependentes, a deslocação diária em transportes públicos, a acumulação do emprego com o trabalho em casa, entre outros exemplos que aqui poderia trazer.



    Sabemos que a actividade política, por razões culturais que se prendem com a ocupação tradicional do espaço doméstico pelas mulheres e a ocupação do espaço público pelos homens, tem perpetuado o desequilíbrio de representatividade de género nas instituições públicas que tomam as “grandes” decisões. “Grandes” decisões essas que não passam pela discussão de aspectos “menores” da vida quotidiana das pessoas porque, de facto, convencionalmente, existe uma hierarquização da importância dos assuntos de decisão institucional.



    A presença de mais mulheres na esfera pública de decisão vem trazer os aspectos, até hoje invisíveis da vida das pessoas, que se concentram sobretudo a um nível da esfera privada, mas que são determinantes para o bem-estar e para a qualidade de vida das portuguesas e dos portugueses.



    As mulheres e os homens não podem ser encarados como grupos sociais, têm de ser encarados como duas partes que compõem a humanidade. Nas minorias étnicas há mulheres e homens, nas pessoas idosas há mulheres e homens, nas crianças há raparigas e rapazes, e assim por diante. Se as mulheres e os homens estão presentes em todos os grupos sociais, maiorias ou minorias, e se a sua vivência é diferente por determinação de factores socioculturais, então é muito simples de compreender a necessidade de, nas esferas de poder e de decisão, ser fundamental para o desenvolvimento de Portugal, uma presença representativa de género que a Lei da Paridade veio, de forma consciente e responsável, trazer a um país que se quer civilizacionalmente desenvolvido.

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  6. A preversão das regulamentações da paridade com este modelo, ultrapassa as fronteiras do nosso país.
    Não foram os portugueses que a inventaram.
    A minha crítica não se dirige ao Governo da República, mas a este tipo de leis como um todo.
    Tirando este pequeno esclarecimento, não vejo onde mais exista discordância entre o que escreveu o ultimo anónimo e o que está escrito no post.
    O facto de se complementarem, não deve tornar, nem torna, os géneros iguais. Se ficarem iguais perdem essa qualidade.

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