quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A crise que nunca tivemos nem deixámos de ter

Ó povo que lavas no rio
O lixo das pecuárias.
Relembra
Que cospes no chão
Sebento, rachado
Cimento, calçada,
Caminho, alcatrão…

Pára!

Pensa o momento.
Nãã!
Saca da fossa,
Urina o cimento.
Caracóis no nariz
Copos de tinto
E a pose de macho
Mais dura que aço,
Estilhaça o verniz.
Bate no puto.
Marcha,
Corropio
Ai que te racho ó vadio.
Noite instalada
E a casa que falta acabar.
O reboco pinguço
Observa o cenário
Ferve estalada
A janta atrasada
Sofre a mulher
Exausta de trabalhar
Em silêncio a morrer
Sempre sempre a correr
Tropeçar,
Viver a sofrer.
Por fim o serão
Colado à televisão
Coça a barriga
Desdobra o Record,
Lê e relaxa…

Postiço como a pinta das putas,
Que nos ombrais
Das portas,
Fumam,
Dando-se ares de sofisticação.
E tudo em busca de atenção...


Poema anónimo de corrente naturalista.
Escola Ettore Scola, século XXI

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