domingo, 10 de agosto de 2008

O rigor científico

Os cientistas são seres estranhos.
Têm absoluta necessidade de estar sempre a "cientificar" qualquer coisa. Quando desocupados tornam-se imprevisíveis.
De vez em quando surpreendem-nos com descobertas aparentemente inúteis, mas com potenciais vantagens ou perigos, dependendo tudo da maneira como forem encaradas.
Uma equipa da Universidade da Carolina do Norte tem estudado afanosamente certos animais mais pachorrentos. Tem procurado isolar, em alguns casos já com sucesso, os genes responsáveis pela preguiça.
Segundo o responsável pela equipa, falta pouco para conseguirem fazer o mesmo em relação aos seres humanos.
É rigorosamente neste ponto que as opiniões sobre o interesse de tal estudo começam a divergir.
Enquanto andaram a dissecar marmotas por puro entretenimento até achámos alguma piada, mas agora a coisa pode engrossar para o nosso lado.
Tudo depende do uso que irão dar aos resultados do estudo.
Se se propuserem criar um químico qualquer (obviamente maléfico e perigoso) para combater a actividade dos pobres genes, que parem já antes que façam asneira. Há tanta maleita grave a preocupar a humanidade e estes desocupados gastam fundos que podiam ser úteis para causas sérias, a combater algo tão inócuo como a preguiça?!
Se aflorarem o tema da manipulação genética para erradicarem aquela lassidão doce que nos tolhe em épocas cirurgicamente convenientes, há que usar de todos os métodos para impedir tal desiderato: põem-se, neste particular, questões de ética fortíssimas. Afinal o mundo tem regras; isto não é nenhuma selva!
Claro que nem tudo estará mal. Este seriíssimo estudo pode ter uma utilidade extrema se for abordado pelo seu lado positivo, pela vertente que mais ajudará a felicidade do ser humano. Basta permitir catalogar a preguiça como desordem genética, colocá-la na lista das doenças passíveis de permitir baixas médicas e até, em casos mais extremos que o apurado estudo vai descobrir rapidamente, a possibilidade de fazer parte da lista das incapacidades (permanentes ou temporárias) previstas em quadro legal com um grau nunca inferior a 85%.
Quando devidamente educados, os cientistas podem ser muito úteis!

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