sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Conforme prometido

Diário As Beiras, 28.08.2008
(Clicar para ampliar)

O Cocas

Anda por aí muita gente incomodada com este boneco.
Tem um metro de altura, está exposto num museu de Bolzano (Itália) e é o auto-retrato do artista alemão Martin Kippenberger, falecido em 1997.
O autor sempre assumiu que o boneco não tinha nada de religioso e eu acredito.
Lembro aos incomodados, onde se inclui uma personalidade de apelido 16, que não existe qualquer prova histórica do aspecto físico de Jesus Cristo.
Lembro ainda que a cruz, como ícone, é anterior ao nascimento de Jesus Cristo.
E lembro isto apenas para que se lembrem que a nossa civilização é construída na base da tolerância e das liberdades individuais.
Não serve de nada andar a criticar os muçulmanos acerca do problema das caricaturas de Maomé (cuja representação gráfica é expressamente proibida pelo Islão), e a seguir ter atitudes semelhantes.
Convém ter parcimónia nos fundamentalismos, porque a própria Biblia não proíbe que se desenhe quem se quiser do modo que se quiser.
A religião deve ser um conceito espiritual e não tem que se perder com minudências terrenas.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Sem espinhas

O concurso "Sabores Beirões", é promovido pelo Diário As Beiras e pretende eleger os melhores restaurantes de cada um dos seis distritos da região das Beiras.
Os três primeiros classificados do distrito de Aveiro situam-se na Mealhada.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Holly Cole

"After 9 months of battling head and neck cancer I just recieved the news that I am cancer free. This is the first song I thought of. Absolutely love it. "

(comentário no Youtube)

Politicamente incorrecto

O mundo só é viável se tiver ricos com dinheiro para gastar e pobres para trabalhar. Todas as teorias económicas que tentaram provar o contrário ficaram-se por isso mesmo, teorias, ou, postas em prática, tiveram os resultados que todos conhecemos.
É uma realidade crua e injusta, mas a única que tem permitido a sobrevivência da civilização.
Existem muitas formas de atenuar esta realidade, mas nenhuma estratégia que a substitua com sucesso.
Outra verdade ainda mais cruel aos olhos do ser humano digno desse nome é a de que os ricos não gostam dos pobres. Dão-lhes trabalho, ajudam-nos dentro de certos parâmetros, permitem-lhes algumas aproximações mas, no fundo, não gostam deles.
Os ricos gostam é dos pobrezinhos, que é uma coisa totalmente diferente. Os pobrezinhos entregam brilho aos ricos, alargam o tal buraco da agulha por onde eles, os ricos, terão que passar, logo a seguir ao camelo, se quiserem entrar no céu.
Enquanto os pobres (nos quais eu me incluo) apenas querem ter oportunidade de ganhar a sua independência, sustentar o livre arbitrio e de manter o seu lugar na cadeia alimentar, os pobrezinhos permitem aos ricos o exercício da caridade.
Para os ricos, existe apenas uma característica obrigatória comum a todos os pobrezinhos: a distância. Nada afasta mais o dinheiro do que a presença de quem não o tem. É endémico.
Sabendo tudo isto e usando de todo o pragmatismo que a situação exige, aplaudo a coragem de Ana Salazar quando pôs a mão na ferida em relação à recuperação do Chiado: ou lojas de grandes marcas ou mendigos sentados no chão. As duas coisas juntas acabarão por se inviabilizar.
Sem ricos para gastar dinheiro, não há quem queira o trabalho dos pobres que assim acabarão por se transformar em pobrezinhos.


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Botero

Fernando Botero é um dos grandes pintores da actualidade e provavelmente o maior escultor vivo.
Voluptuosidade é a única palavra que me ocorre quando tenho o privilégio de admirar alguma das suas esculturas.
Em Janeiro de 1999 tive o grato prazer de me passear languidamente por entre uma boa dúzia ou duas de exemplares da sua imensa obra, expostos no Terreiro do Paço em Lisboa.
Torsos e corpos e bichos luzidios.
Frementes, sedutores...
Eróticos!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

That's life

A vida não tem que ser uma procissão para a cova com a intenção de se chegar em segurança, envolvido num bonito e bem preservado corpo, mas antes o deslizar na orla de uma nuvem de fumo, totalmente rendido e alienado, berrando aos quatro ventos: “Uau, que grande viagem!”
Hunter S. Thompson (tradução livre)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Santos óleos


O limão tem uma uma importância primordial nos pequenos prazeres da vida.
Temos o privilégio de possuir limoeiros em casa o que é uma riqueza inestimável. Os americanos, por exemplo, não escrevem nenhuma receita em que não tenham de avisar para os perigos dos "waxed lemons". Explicam eles que, se vamos usar raspa de limão ou até mesmo casca, é conveniente dar-mo-nos ao trabalho de lavar antecipadamente a casca do bicho para não morrermos envenenados com a cera. Belos, brilhantes, mas potencialmente perigosos.
O " Boulevard of broken dreams" cantado nos anos sessenta pelo Tony Bennett, não tem um terço do encanto da versão dos anos 90. Chama-se patine.
Continuando.
Quatro partes de vodka Absolut, duas partes de um qualquer licor de cascas de laranja (que no caso era um blue Curaçao) e duas partes de sumo de limão, um shaker e gelo q.b. e todo mundo se transformaria. Mas não; o limão não está suficientemente maduro... Largou um sumo apenas acido e desprovido de alma. Sem os preciosos oleos do nosso contentamento. Falta-lhe acima de tudo sol e isso é intolerável porque o limão é primordial: um pormenor com importância de regra.
"Put on a happy face" já tem mais fifties nos genes. Bennett aí está em casa. Swing e style porque "The best is yet to come". You ain't see nothing yet.
Nada está perdido, até porque no cinzeiro descansa já um Fonseca Cosaco devidamente cortado que só grita por uma chama que o desperte.
Para o deleite basta reformular as proporções: três partes de licor e uma de sumo de limão. Não substitui o fruto maduro, mas deixa que os aromas subtis da laranja se substituam aos santos óleos. Não é a mesma coisa, mas à falta de melhor, serve. Até porque a noite já caiu e ao longe vê-se o brilho dos carros na A1. Chove, e por isso não há melgas.
Uma noite de Agosto que maravilhosamente parece de Outubro, o mês do colorido sublime.
"Oh the good life"

Eliane Elias

A função

Nelson Évora cumpriu.
E chorou...
Quando recompensa, o esforço é gratificante e consegue ser comovente.

Encantamento

Vincent Van Gogh - Night Cafe
Embora não seja pela cor, é também pela cor!

High cost

Com os custos reduzidos ao mínimo indispensável, absorver um aumento tão grande de combustível sem fazer reflectir esse aumento no preço de venda dos bilhetes só pode ser alcançado combinando dois factores: poupanças no custo tabu (manutenção das aeronaves) e aumento da rentabilidade.
Alegadamente, havia indícios de falha, mas a viagem não podia ser cancelada pois o prejuízo está ali ao virar da esquina.
O resultado está à vista. Cento e cinquenta e três pessoas tiveram direito a uma viagem maior que aquela que pagaram.
O transporte aéreo ainda é o mais seguro do mundo, só não sabemos por quanto tempo.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Maria Amélia

"Feliz de quem é alienado pois pode criar a sua realidade"

Elis

Jogos virtuais


Os nossos atletas olímpicos (com honrosas excepções) são a mais pura imagem da grande maioria dos meninos que andamos a criar no nosso país.
A cultura do facilitismo que temos já enraizada no nosso subconsciente e que lhes servimos de bandeja, resulta em dois comportamentos possíveis quando as coisas não correm conforme planeado:
1.O comportamento “Reboot” que inclui um simples encolher de ombros e um olhar de desdém. Apaga-se e recomeça-se de novo sem consequências.
2.O comportamento “Street Fighter” que consiste em distribuir patadas por todos os intervenientes menos pelo próprio.
Estão assim formatados e reagem deste modo em todas as situações que se lhes deparam; quer se trate de uma proibição para sair à noite, de uma negativa num teste ou de uma derrota numa competição olímpica.
O único problema é que ainda nos resta alguma vergonha para sentirmos quando vemos a expressão destes comportamentos em ambientes onde é possível a comparação.
As figuras dos nossos meninos deixam de ser tristes para passarem a ser patéticas.
E como eles são o resultado da educação que lhes estamos a ministrar…

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Da sabedoria


Se podes conservar o bom senso e a calma
Num mundo a delirar, para quem o louco és tu.
Se podes crer em ti com toda a força da alma
Quando ninguém te crê. Se vais faminto e nu
Trilhando sem revolta um rumo solitário.
Se à torpe intolerância, se à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão.
Se podes dizer bem de quem te calunia,
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
Mas sem a afectação de um santo que oficia,
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor.
Se podes esperar sem fatigar a esperança,
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho,
Fazer do pensamento um arco de aliança
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho.
Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores!
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar sorrindo ao amor dos teus amores.
Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu!... jamais lhe deste!
Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra e sem um termo agreste
Voltares ao princípio para construir de novo.
Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo já afogado em crepúsculos
Só exista a vontade a comandar – Avante!
Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre,
Se vivendo entre os reis conservas a humildade
Se inimigo ou amigo, poderoso ou pobre,
São iguais para ti à luz da eternidade.
Se quem conta contigo encontra mais que a conta,
Se podes empregar os sessenta segundos
De cada minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraia em séculos fecundos.
Então, ao ser sublime o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os templos, os espaços,
Mas ainda para além um novo sol rompeu
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.
Pairando numa esfera acima deste plano
Sem recear jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te meu filho... Então serás um HOMEM!

Joseph Rudyard Kipling - IF

sábado, 16 de agosto de 2008

Jane Monheit & John Pizarelli

7

Uma jovem de Alexandria deu à luz sete crianças sem ter sido submetida a qualquer tratamento de fertilidade.
Há quem considere o sete como o número perfeito.
A obstetra começou por dizer que é um milagre.
Milagre será conseguir sustentar a prole.
Por muito abençoada que se sinta a jovem mãe, ficá-lo-ia provavelmente tanto ou mais, se fossem só dois. Três, vá lá..

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Espaços de meditação

Livraria Lello & Irmão, Porto (pormenor da escadaria)
Pedro Costa - Jun 2008
Ei-las, circunspectas catedrais de saber.
Ambientes pesados, soturnos e macilentos.
Frestas que deixam passar o sol numa luz macia, coada de partículas em suspensão.
O cheiro a papel, impregnado pelo tempo nas prateleiras velhas, rombas e sábias de muito ler, enebria!
A música respira do silêncio oco de quem folheia.
Sofás, coçados e encovados, relembram prazeres de drama e poesia.
Estão velhas; extinguem-se...
Esquecidas por novas catedrais assépticas, ligeiras, impessoais e luminosas como os dias do nosso mais aborrecido quotidiano.
Crónicas de uma morte lenta, mas há muito anunciada.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Interacção

Desde o princípio do ano, o consumo de combustíveis baixou 8% em Portugal.
Como nem todos vamos a Espanha atestar, conclui-se que passámos a fazer uma utilização mais racional dos nossos automóveis.
Aparentemente passámos a utilizar mais os transportes públicos.
Podemos então concluir:
Nós estamos a adaptar-nos ao transporte público, logo será expectável que o transporte público apanhe a onda e também se adapte a nós.
Mas.
O país já perdeu cerca de 17% de ISP com esta alteração de hábitos.
De repente deixei de ver qualquer possibilidade de adaptação.

Molly Johnson

O aperto

"Ter dinheiro é sempre melhor que não ter. Nem que seja por razões financeiras"
Woody Allen

A barbárie

Números que têm circulado pela comunicação social dão conta de que já houve mais casos reportados de violência doméstica em Portugal este ano do que em todo o ano de 2007.
A fiabilidade dos dados é a do costume e existe ainda a possibilidade de ter aumentado apenas a quantidade de vítimas que apresenta queixa e não os casos de violência em si.
Independentemente da razão, nada há que justifique este continuado rol de maus tratos e de abusos que um ser forte descarrega sobre um ser menos forte.
A situação é transversal a todas as classes económicas, a todas as raças, a todas as idades e a todos os credos. Não estamos aqui a falar de homens, pobres e bêbedos que, frustrados porque alguém os atormentou no trabalho ou porque o Benfica perdeu, chegam a casa e arreiam na mulher e nos filhos para se aliviarem.
A violência pode ser meramente psicológica, persecutória, alienatória, soberba, moralmente degradante, pode revestir formas aparentemente inofensivas mas que deixam na vítima marcas permanentes.
Nenhum animal em toda a Criação maltrata deliberadamente a sua família, à excepção do Homem.
Convém medirmos bem as palavras quando apelidamos de animal qualquer individuo que comete crimes desta ou de outra natureza.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Tarja Turunen

Darklight knights and shadow fights,
Whispering winds through narrow flames.
Frightening voices singing chorus,
Calling back
My fears and sorrows.
Calling back
My childhood ghosts
And secret sounds of mistery.

(Pedro Costa - 11.8.2008)

domingo, 10 de agosto de 2008

O rigor científico

Os cientistas são seres estranhos.
Têm absoluta necessidade de estar sempre a "cientificar" qualquer coisa. Quando desocupados tornam-se imprevisíveis.
De vez em quando surpreendem-nos com descobertas aparentemente inúteis, mas com potenciais vantagens ou perigos, dependendo tudo da maneira como forem encaradas.
Uma equipa da Universidade da Carolina do Norte tem estudado afanosamente certos animais mais pachorrentos. Tem procurado isolar, em alguns casos já com sucesso, os genes responsáveis pela preguiça.
Segundo o responsável pela equipa, falta pouco para conseguirem fazer o mesmo em relação aos seres humanos.
É rigorosamente neste ponto que as opiniões sobre o interesse de tal estudo começam a divergir.
Enquanto andaram a dissecar marmotas por puro entretenimento até achámos alguma piada, mas agora a coisa pode engrossar para o nosso lado.
Tudo depende do uso que irão dar aos resultados do estudo.
Se se propuserem criar um químico qualquer (obviamente maléfico e perigoso) para combater a actividade dos pobres genes, que parem já antes que façam asneira. Há tanta maleita grave a preocupar a humanidade e estes desocupados gastam fundos que podiam ser úteis para causas sérias, a combater algo tão inócuo como a preguiça?!
Se aflorarem o tema da manipulação genética para erradicarem aquela lassidão doce que nos tolhe em épocas cirurgicamente convenientes, há que usar de todos os métodos para impedir tal desiderato: põem-se, neste particular, questões de ética fortíssimas. Afinal o mundo tem regras; isto não é nenhuma selva!
Claro que nem tudo estará mal. Este seriíssimo estudo pode ter uma utilidade extrema se for abordado pelo seu lado positivo, pela vertente que mais ajudará a felicidade do ser humano. Basta permitir catalogar a preguiça como desordem genética, colocá-la na lista das doenças passíveis de permitir baixas médicas e até, em casos mais extremos que o apurado estudo vai descobrir rapidamente, a possibilidade de fazer parte da lista das incapacidades (permanentes ou temporárias) previstas em quadro legal com um grau nunca inferior a 85%.
Quando devidamente educados, os cientistas podem ser muito úteis!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A ordem pública

Um dos pilares da vida em sociedade é a segurança.
A sua promoção é um dos deveres do Estado, que detem o monopólio do uso legal da violência sempre que tal seja necessário.
O episódio a que ontem assistimos em directo será infelizmente repetido no futuro, umas vezes com desfecho feliz, outras com desfecho infeliz.
Desengane-se quem pensa que se irá assistir a uma diminuição dos casos de criminalidade violenta, apenas porque, neste caso, ganharam os bons. Se assim fosse, não haveria criminalidade nos países onde a justiça é severa e rápida, muitas das vezes letal.
A mensagem que terá que ficar retida das imagens de ontem à noite é a de que se pode e deve confiar nas forças de segurança, mas também a mensagem de que nada voltará a ser como dantes.
As forças de segurança têm que estar à altura de poder transmitir tranquilidade à população e têm que ter os meios humanos, legais e materiais para o poder fazer de forma eficaz porque, infelizmente, o mundo é um sítio cada vez mais perigoso.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Al Cool



Hoje rocei a fórmula química da felicidade:

4 partes de tequilla reposada El Jimador
3 partes de Cointreau
1 parte de sumo de limão bem madurinho

Bate-se no shaker com gelo abundante e serve-se numa taça de cocktail antecipadamente congelada.
Bebe-se aos beijinhos.
Não é uma Marguerita porque se faz com tequilla velha e porque as proporções são diferentes.
Deixou-me na boca um travo de tabaco de altíssima qualidade, um toque de madeira exótica e uma vontade imensa de ouvir o Al Jarreau
A meia idade fez de mim um sentimental, nada a fazer.

Na cidade mais importante do mundo

Se calhar porque tenho tido sorte, sempre deixei que fosse a vida a levar-me e raramente o contrário. Sei precisamente o que não quero e evito o que não gosto, mas raramente corri ou corro atrás de sonhos ou ilusões. Aplica-se a mim que nem uma luva o chavão: “Se a vida te dá limões, faz uma limonada”.
Em contrapartida, tento incentivar e motivar os me rodeiam sempre que se esforçam em busca de melhor. Sou assumidamente acomodado comigo mas fico incomodado com o comodismo dos outros.
Por esta altura do ano mas em 1995, tive uma conversa com um colega de trabalho, hoje reformado, que se preparava, desgostoso, para matricular o filho no décimo ano pela terceira vez consecutiva.
Um homem de trabalho que tinha orgulho em ter conseguido com grande esforço licenciar duas filhas mais velhas, tinha naquele momento em casa um rapaz relapso e desmotivado e isso causava-lhe uma imensa frustração.
Aconselhei-o a tentar um curso profissional na área da hotelaria. Talvez na cozinha que, já nessa altura, era uma área de elevado potencial.
A primeira resistência veio, directa e carregada de desapontamento, nestas palavras: Mas eu formei duas filhas sem poder e agora que posso, tenho que contentar-me com um filho cozinheiro. Eu posso dar-lhe mais que isso, ele é que não trabalha.
Enchi-me de brio e disse-lhe apenas que, se o miúdo quisesse, cinco anos depois de acabar o curso, estaria a ganhar mais que qualquer uma das irmãs e sem problemas de empregabilidade.
Foi pensar.
O Bruno inscreveu-se na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra e terminou o curso de Cozinha/Pastelaria em 1998 ainda a tempo de ter como primeiro emprego um lugar na cozinha do Pavilhão de Portugal na Expo 98.
Daí para cá cruzei-me esporádicamente com ele, mas sempre que encontro o pai pergunto-lhe pela carreira do rapaz.
Hoje, e soube-o esta manhã pela boca de um pai que não escondeu o prazer de me dar a notícia, o Bruno tem um cargo de chefia numa das cozinhas do hotel Hilton de Pequim, a cidade que amanhã vai ser a mais importante do mundo.
Fiquei feliz por ele.

Há coisas que nos aconchegam a alma!

Tom Waits

"How much whiskey do you need to drink to get a voice like that?"

(comentário no Youtube)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Fama


A fama saltita de ente em ente e mantem-se em cada ente o tempo que durar a atenção do público.
Numa lógica puramente teórica e remotamente infalível, todos podemos ser famosos, mesmo que por um instante, desde que consigamos atrair atenções.
Andy Warhol vulgarizou o conceito com a ideia de criar uma banalidade: a fama ao alcance de todos.
A modernidade democratizou o objecto, popularizou a ideia vã e esculpiu o consumo abrindo-lhe espaços outrora guardados para elites e vedados aos olhos ávidos do comum.
Se fosse vivo, Andy Warhol festejaria hoje 80 anos.
Um visionário que não pestanejaria sequer, se nos visitasse, ao descobrir que o mundo, o mundo que é hoje uma aldeia, nos passeia por entre os dedos.
A arte mereceu alguém assim e todos ganhámos com isso.

Momento comercial

A mãe do cogumelo


Foi há 63 anos.
Para lembrar.
Sempre!

Nadar com os tubarões

Legalmente, Algés não tem praia.
Na prática tem, que eu já vivi por aqueles lados e vi-a muitas vezes.
Legalmente, não tem areia suficiente para ser considerada zona balnear.
Na prática, tem areia, tem água e tem habitualmente banhistas, logo é uma praia.
Legalmente, é proibido tomar banho em Algés desde há cinco anos porque a água tem tubarões.
Na prática não existe sinalização a informar desse facto.
Legalmente, não tem que existir sinalização porque não é uma zona balnear.
Na prática, não ficava nada mal à Camara de Oeiras informar os mais descuidados, mesmo que a lei não a obrigue a tal.
Legalmente, tomar banho em Algés é perigoso.
Na prática, à força de ter que coabitar com os tubarões nos esgotos a céu aberto dos bairros de lata onde habita, alguma da população que, à falta de melhor, frequenta a praia de Algés, nem dá conta dos intrusos.
Não há notícia de acidentes mortais.
Idiossincrasias de um país atrasado.
(Para o texto fazer sentido, onde se lê tubarões, leia-se cagalhões)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O processador Lentium 2

O Dr Mário Soares merece-nos todo o respeito e gratidão porque é muito dele o esforço de ter evitado que Portugal, em funestos tempos idos, ficasse entregue aos ventos de Leste e aos amanhãs que cantam.
O progresso, os direitos, as liberdades e acima de tudo as garantias, agradecem-lhe penhoradamente.
Fez e ninguém o pode negar, mas tudo na vida tem um prazo e, às vezes, apanha-nos tão de sopetão que não o vemos chegar.
É verdade que o Senhor Presidente da República fez um número fraquito ao criar tanta expectativa para nada quando veio falar daquela coisa dos Açores (acho que era sobre os Açores porque também faço parte dos 75% que não estiveram à altura do discurso).
Mas é também verdade que já tudo foi dito sobre o assunto e que o Dr Mário Soares apenas escreveu um conjunto de fait divers na sua crónica publicada hoje no Diário de Notícias, passada quase uma semana sobre o discurso.
Será impressão minha ou o Dr. Mário Soares está a ficar ... lento!
Provavelmente tem muita informação armazenada no disco e como todos sabemos, nos dias de hoje o saber ocupa lugar.

Makin' whoopie


Amor que incita a voar

Sem regras nem direcção

Sem rumo nem horizonte

Sem ordem nem convulsão

Sem tino nem pensamento

Voando ao sabor do vento

Nas asas, todo um momento

Um suspiro e a vida toda

E num segundo, a paixão...

Eternidade e comunhão,

A vida, cumprida a razão

A mente solta no espaço

E os pés, eterno embaraço

Coladinhos

Rente ao chão!

domingo, 3 de agosto de 2008

O agente infiltrado

Uma singela cadeira de esplanada foi mais eficaz na luta pela democracia em Portugal, que varios anos de actividade anti-fascista.
Passam hoje quarenta anos.
Parece que desapareceu para parte incerta, talvez o Forte de Peniche.
Não fosse isso e teria certamente o seu lugar num museu em Santa Comba.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Paraíso filmes

Para quando a edição em DVD?

Consultório sentimental

O Sr Engenheiro pôs-se de cócoras (eufemismo para diplomacia) em Angola.
A namorada achou um exagero e criticou-o no Diário de Noticias.
Alguém se deu ao trabalho de tentar tirar desforço junto do gabinete do Sr Engenheiro e recebeu a resposta óbvia: entre intervenientes de uma união de facto não metas a colher.
Bem feito!

A versão politicamente correcta da história pode ser lida na imprensa e envolve uma jornalista independente e um Primeiro Ministro de um país soberano mas cheio de complexos.
E diplomacia.

Cá em casa quem manda é o Manel


"Queriam vender o banco aos americanos e eu disse-lhes que não. Propus que fosse comprado pela Venezuela. Não quiseram e eu pimba, nacionalizei-o"
Hugo Chavez acerca do Banco da Venezuela (grupo Santander)
Tradução (muito livre) do Castelhano

É esperado a qualquer momento um comunicado da Moncloa a solicitar a devolução da camisola.


Shooglenifty

Amanhã no Festival Intercéltico de Sendim.

Shooglenifty da Escócia, Kerekes Band da Hungria e Voanerges da Ucrania.

Que não falte a cerveja porque a animação está garantida.