sábado, 26 de julho de 2008

O Gourmet

A C.P.L.P. é uma coisa simpática. Nasceu no dia em que foi exibido o primeiro episódio de Gabriela Cravo e Canela na televisão portuguesa e vai morrer no dia em que o Brasil resolver oficializar o "brasileiro" como idioma.
Tal como uma boa dúzia das associações de que Portugal faz parte (nós gostamos muito da vida associativa), a C.P.L.P. tem uma actividade residual apenas acordada do seu torpor quando é necessário fazer cimeiras ou elaborar acordos ortográficos para fazer evoluir o tal idioma "brasileiro".
Este final de semana (não é fim de semana em brasileiro, é mesmo Quinta e Sexta, final da semana) pusemos o nosso mais bonito fraque para receber os altos dignatários dos países onde algumas pessoas ainda falam português e uma boa mão cheia de observadores.
Tirando o Brasil, Timor e alguma regiões mais desenvolvidas de Portugal, todos os restantes países da C.P.L.P. se situam em África. Um tal aglomerado de líderes africanos obriga sempre a especiais medidas de segurança, quanto mais não seja porque alguns dos seus dilectos concorrentes políticos estão exilados por estes lados e com imensas saudades de casa.
Os nossos governantes têm por hábito convidar para festins similares algumas personalidades (como hei-de dizer) a quem eu não emprestaria o meu cartão multibanco. Ultimamente tivemos Kadafi no parque de campismo do Inatel da Costa da Caparica, Mugabe num sítio de certeza caríssimo (só sabe lidar com notas de milhões) e agora um cromo mais raro que os do Eusébio: uma respeitável personalidade de apelido Nguema que governa a Guiné Equatorial de um modo que pode ser apelidado de "musculado".
Tal é a unanimidade deste senhor que nas ultimas eleições, o seu partido elegeu 99 dos 100 deputados que compõem o parlamento do seu país. Não conheço o desgraçado que representa a oposição, mas acredito que, ou tem uns testículos pretos e rijos ou consome L.S.D.
O ambiente na Guiné Equatorial é tão aprazível que no início dos anos noventa, o embaixador dos E.U.A. resolveu tirar uma férias e não regressou.
Nguema chegou ao poder derrubando o primeiro presidente do país que por acaso era seu tio. Derrubou no sentido literal do termo: a tiro.
A Guiné Equatorial é uma ex colónia espanhola mas, ao contrário de Portugal que o recebeu de braços abertos (afinal nós somos descendentes de um rei que andou à lambada com a mãe para chegar ao poder), a Espanha arranjou logo imenso que fazer só para não ter que aturar o moço quando este pediu para ser recebido.
Juan Carlos e Zapatero preencheram afanosamente as respectivas agendas porque são homens zelosos da sua masculinidade e ao que consta, Teodoro Obiang Nguema tem por hábito degustar os "cojones" das pessoas com quem deixa de simpatizar. Como Juan Carlos necessita dos ditos para mandar calar com voz grossa os líderes torcionários das ex colónias espanholas, consideraram "nuestros hermanos" mais sensato não desafiar a sorte.

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